segunda-feira, 28 de março de 2011

3º Domingo da Quaresma - Santuário Nacional


Já estamos na metade da quaresma e não podemos nos esquecer que esse tempo litúrgico é um tempo de preparação para celebrar a Páscoa de Cristo e a nossa páscoa. Páscoa quer dizer passagem, e pelo batismo fomos sepultados com Cristo e ressuscitados para uma nova. Por isso somos chamados a celebrar com a Páscoa de Cristo, também a nossa Páscoa, renovados espiritualmente. Nos primeiros séculos do cristianismo, a quaresma era a última etapa de preparação para o batismo dos adultos que se convertiam à fé católica.

Esse período de preparação que durava três anos, era chamado de catecumenato. Essa prática deixada de lado por muitos séculos, foi reintroduzida na Igreja após o Concílio Vaticano II. O Documento de Aparecida recomenda a retomada do caminho catecumenal em nossas comunidades, não só para os adultos não batizados, que pedem a fé, mas também para os batizados, que necessitam um maior aprofundamento de sua fé. Nós que somos batizados, faremos na noite da Vigília Pascal a renovação de nossos compromissos batismais.

Para que esse momento solene na liturgia da Igreja, tenha sentido para nós, é necessário que ele seja a expressão de um processo de conversão, de mudança de vida na quaresma e que deve se prolongar a vida toda. A liturgia desses três últimos domingos da quaresma é uma verdadeira catequese batismal. No primeiro domingo a palavra de Deus nos recordava a nossa condição de pecadores. No domingo passado, o evangelho nos convidou a escutar e seguir Jesus.

A liturgia deste domingo nos convida a refletir sobre o tema da água e o seu simbolismo. A água evoca a vida física, pois sem ela não podemos viver, mas também a vida espiritual, a vida nova que nos é dada pelo Espírito Santo no batismo. O evangelho de João relata o diálogo de Jesus com a samaritana que veio buscar água no poço de Jacó, na cidade de Sicar. Jesus lhe oferece uma água viva que sacia nossa sede existencial. “Quem beber da água que eu lhe direi, esse nunca mais terá sede”! A samaritana reconheceu Jesus, primeiramente, como profeta e depois como o Messias, o Cristo. No encontro com Jesus, a mulher samaritana se transformou pessoalmente; tornou-se discípula de Jesus e sua missionária entre o seu povo.

“Muitos samaritanos, diz o evangelho, abraçaram a fé em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava: “ele me disse tudo o que eu fiz”. Da mesma maneira que a nossa gestação, antes do nascimento se fez na água, assim, a água batismal significa um segundo nascimento espiritual para a vida em plenitude que Jesus nos oferece e nos dá no batismo. Essa vida nova recebida no batismo nos é dada pelo Espírito Santo que nos faz verdadeiros filhos de Deus e capazes de rezar invocando-o como nosso pai.

A CF deste ano nos convida a refletir sobre a vida no nosso planeta, em especial, sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas. Tudo isso, em parte, pode ser provocado por alguma causa natural, mas, em parte, é devido certamente à ação do homem na natureza, como, por exemplo, o desmatamento, a atividade industrial sem tomar as medidas necessárias para evitar a poluição do ar e da água, a falta de cuidado adequado com o lixo, o desperdício, a falta de uma vida mais sóbria, etc. A CF interpela e nos chama a uma mudança de atitude, de comportamento em relação ao cuidado da vida no nosso planeta.

Anunciação do Senhor - Santuário Nacional - 25.03


Com esta celebração eucarística estamos iniciando a abertura do V Congresso Mariológico, promovido pela Academia Marial de Aparecida, em parceria com a Faculdade Dehoniana de Teologia de Taubaté. Este V Congresso se realiza dentro das celebrações do Jubileu de Prata de fundação da Academia Marial que foi fundada por ocasião do 11º Congresso Eucarístico Nacional, celebrado em Aparecida, no mês de julho de 1985. Minhas cordiais boas-vindas aos congressistas e meus parabéns a Academia Marial na pessoa de seu diretor executivo, o Revmo. Pe. Antonio Clayton Santana.

Hoje, a Igreja celebra a solenidade da Anunciação do Senhor, o mistério do Filho de Deus que se faz carne de nossa carne, para caminhar conosco pelo mesmo caminho e nos conduzir, por sua fidelidade até a morte, à vida de Deus. O Filho de Deus assume a nossa natureza humana no seio da Virgem Maria por obra do Espírito Santo.

O Profeta Isaias inspirado pelo Espírito Santo, anuncia “que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel, porque Deus está conosco.” Na pequena cidade da Galiléia, chamada Nazaré, se cumpre a promessa de Deus ao seu povo, as promessas do amor de Deus a toda a humanidade. O anúncio do anjo Gabriel a Maria tornou realidade séculos e séculos de esperança: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado o Filho do Altíssimo e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi”. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó e o reino não terá fim.”

Graças a fé e à disponibilidade daquela jovem de Nazaré em colaborar com os planos de Deus para a sua vida e a nossa salvação, o Filho de Deus se humilhou e se fez carne de nossa carne. “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Jesus veio até nós para cumprir a vontade do Pai e assim salvar a todos os povos. “Tu não quiseste vitima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. Eu vim para fazer a tua vontade. É graças a esta vontade que somos santificados pela oferenda do Corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas”.

Peçamos a Deus, por intercessão da Virgem Maria, o discernimento do projeto de Deus para conosco e a graça de responder sim, com fé e disponibilidade, a exemplo de Maria, à vontade de Deus em nossa vida.

segunda-feira, 21 de março de 2011

2º Domingo da Quaresma - Santuário Nacional


O evangelho de hoje narra a transfiguração de Jesus no alto de uma montanha, diante dos três apóstolos: Pedro, Tiago e João que o acompanhavam. É uma antecipação da Páscoa, da glorificação de Jesus, a manifestação de sua divindade. A transfiguração tem como objetivo fortalecer a fé dos apóstolos diante da proximidade da paixão de Jesus. A experiência da transfiguração de Jesus pelos três apóstolos levou-os a reconhecer que Jesus é o Filho de Deus, que ele não é apenas um homem exemplar que se deve imitar, mas que ele é o Caminho, a Verdade e a Vida que devemos escutar e seguir na nossa caminhada diária rumo a Casa do Pai. “Este é o meu Filho amando, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o”.

A primeira leitura narra a vocação de Abraão. Deus escolhe Abraão, o primeiro patriarca, para o pai de povo de Israel, para ser fonte de bênção para todos os povos: “em ti serão abençoadas todas as famílias da terra”. Abraão deixou sua terra, sua família, seus bens e parte para uma terra desconhecida que o Senhor Deus lhe prometeu dar. Pela confiança incondicional de Abraão na promessa de Deus, ele se tornou um modelo de fé e é chamado de “nosso pai na fé”. A aliança de Deus com Abraão é sinal da aliança nova e eterna que Deus selará conosco por meio de seu Filho Jesus, que derramará seu sangue por nós.

Estamos na quaresma, tempo de preparação para a Páscoa. A melhor maneira de nos prepararmos para a celebração do ministério pascal de Cristo, é escutar a Jesus através da leitura orante da Palavra de Deus na bíblia sagrada, sobretudo, na leitura do Evangelho.

Conhecer a palavra de Deus, assimilá-la e interiorizá-la em nosso coração para conhecer a vontade do Pai é a melhor maneira de nos prepararmos para a celebração da Páscoa. Procuremos fazer como os apóstolos, na transfiguração, uma experiência de encontro com Cristo, nesta quaresma, ao meditar a Palavra de Deus e vivê-la, e ao aproximarmo-nos do sacramento da reconciliação e da eucaristia, para nos tornarmos também luz, missionários de Jesus Cristo, para aqueles com quem convivemos diariamente.

A CF deste ano nos convida a cuidar da vida do nosso planeta terra, pensando não só no nosso bem, mas também, no bem-estar de todos os nossos irmãos. Não podemos nos esquecer da profunda interdependência que existe entre nós e a natureza e que a nossa intervenção no planeta terra, tem consequências sobre o clima, o aquecimento global que afetam diretamente a nossa vida.

segunda-feira, 14 de março de 2011

1º Domingo da Quaresma - Santuário Nacional


Neste primeiro domingo da Quaresma os textos da Sagrada Escritura nos apresentam na primeira leitura do livro do Gênesis a admirável obra da criação do homem e da mulher, e como desde o início, eles foram infiéis à vontade de seu Deus e criador. O evangelho nos mostra Jesus colocado à prova pelo maligno que lhe apresentou um caminho que o afastaria da missão para a qual o Pai o havia enviado ao mundo.
Na sua carta aos romanos, Paulo estabelece um paralelo entre Adão e Cristo e afirma que “se pela desobediência de um só homem, a humanidade toda foi estabelecida numa situação de pecado, assim também, pela obediência de um só, toda a humanidade passará por uma situação de justiça”.

Como Adão e Eva, Jesus teve em sua vida muitas opções que podia escolher livremente. O maligno, o tentador, lhe apresentou um caminho agradável, atraente, fácil e com sucesso garantido entre os homens. O diabo insistiu três vezes com Jesus. Primeiro propôs-lhe a satisfação imediata de seus desejos materiais e a segurança de sua própria existência: “se és Filho de Deus, mande que estas pedras de transformem em pães”. Em seguida, propôs-lhe que provasse seu poder igualando-se a Deus: “se és Filho de Deus, lança-te abaixo daqui do alto do templo”. Finalmente, propôs-lhe reinar sobre a terra e dominar os homens: “se ajoelhares diante de mim e me adorares, eu te darei todos os reinos do mundo e sua glória”.

Jesus rechaça as propostas do maligno e sai vitorioso porque sua força está na Palavra de Deus. Jesus escolhe o caminho que o levará a entregar sua vida livremente e por amor por todos nós e pela salvação da humanidade. As três tentações de Jesus no deserto resumem as tentações que experimentamos em nossa vida: a tentação do prazer que consiste na busca desenfreada da satisfação de nossos desejos materiais; a tentação do poder que consiste em querer igualar-se ou colocar-se no lugar de Deus; a tentação da posse que consiste no desejo de acumular riquezas e de deixar-se escravizar por elas.

O tempo da Quaresma nos convida a “tomar consciência da própria fragilidade para acolher a graça que liberta do peado e infunde nova força em Cristo, Caminho, Verdade e Vida” (Bento XVI). A Quaresma é um apelo a cada um de nós a combater o mal, o pecado em nossa vida, e nesta caminhada para a Páscoa, deixemo-nos guiar por Jesus Cristo na nossa luta e vitória contra o pecado.
Peçamos a Deus nesta eucaristia que é ação de graças com Cristo, por Ele e n’Ele, que não nos deixe cair em tentação, que não nos permita tomar o caminho que conduz ao pecado que nos afasta de nossos irmãos e, portanto, nos afasta também de Deus.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Quarta-feira de Cinzas - Santuário Nacional


Com a bênção e a imposição das cinzas a Igreja inicia a caminhada para a Páscoa, durante os quarenta dias da quaresma.

As cinzas são símbolo da fragilidade da vida humana, da condição mortal do ser humano e também símbolo da nossa condição de pecadores e a necessidade da conversão, da mudança de vida para chegarmos a experimentar as alegrias da Páscoa, do Cristo Ressuscitado.

O evangelho de hoje nos recomenda cultivar de modo especial, nesta quaresma, três atitudes que são de certo modo, praticadas também em outras religiões: a esmola, a oração e o jejum. Por isso, a quaresma é um tempo de graça para todos nós.

Este tempo nos convida a avaliar nossa vida, à luz da palavra de Deus, nas suas relações com Deus, com o próximo e com o mundo, para ver em que podemos melhorar para crescer na comunhão com Deus, em Cristo e sob a ação do Espírito Santo e na comunhão também com o nosso próximo. Este tempo é um tempo propício para nos aproximarmos do sacramento do perdão, que é a confissão e de nos dedicarmos mais a oração, alimentada na palavra de Deus, contida na Sagrada Escritura.

É tempo de nos exercitarmos mais na prática da caridade, do amor ao nosso próximo. E a Campanha da Fraternidade deste ano nos convida a levar uma vida mais simples, mais sóbria, evitando o supérfluo, o desnecessário, o desperdício para que todos possam participar dos bens da criação que Deus destinou a todas as suas criaturas. Temos o dever de cuidar do planeta terra, que Deus nos deu como a morada comum de todos nós; para o cristão, além de ser um dever cuidar da terra, é também uma questão de fé, pois acreditamos que nosso Deus é o Criador de tudo o que existe: a terra com suas plantas, os animais, e o seus recursos naturais, a água e o ar. Deus é o criador e a nós, Ele confiou o cuidado, a administração de toda a sua obra. Ao criar o homem da argila da terra e ao insuflar-lhe o hálito de vida conforme narra o livro do Gênesis, Deus ligou a existência do homem à terra e colocou no seu coração um desejo de comunhão com o infinito, que só o Criador pode satisfazer. “O nosso coração está inquieto, afirma Santo Agostinho, e só encontrará repouso em Deus”.

Preparemo-nos para a celebração da Páscoa e procuremos viver a proposta da CF, “contribuindo, dentro da nossa possibilidade e responsabilidade, na busca de caminhos de superação dos problemas ambientais provocados pelo aquecimento global e seus impactos sobre as condições de vida no planeta.”

terça-feira, 8 de março de 2011

9º Domingo do Tempo Comumm - Santuário Nacional


Neste domingo, celebramos no calendário litúrgico 9º. Domingo do Tempo Comum.

Nas leituras que acabamos de escutar, tanto Moisés, no livro do Deuteronômio, livro que marcou tanto a vida religiosa do povo de Israel, como Jesus, no evangelho de Mateus, nos propõem uma alternativa para escolher: ou a vida ou a morte. “Eis que ponho diante de vós bênção e maldição; a bênção se obedeceres aos mandamentos de Deus; a maldição se desobedeceres aos seus mandamentos”

No evangelho, Jesus conclui o sermão da montanha com a parábola das duas casas: uma construída sobre a rocha e a outra construída sobre a areia. Constrói sobre a rocha aquele que ouve a palavra de Deus e a pratica. Constrói sobre a areia aquele que ouve a palavra, mas não a pratica.

Quem une a escuta da palavra à prática é uma pessoa sábia, prudente. Aquele que só escuta a palavra de Deus mas não a põe em prática é semelhante a uma pessoa sem juízo, imprudente, que construiu sua casa sobre a areia.

Na sociedade de hoje em que vivemos, diante de tantas propostas que se nos oferecem, somos chamados cada vez mais a tomar decisões coerentes com a fé que proclamamos e professamos. A cada momento, somos colocados diante do desafio de agir de acordo com os valores cristãos, de assumir um estilo de vida conforme o evangelho, de escolher entre o bem e o mal, de obedecer aos mandamentos de Deus ou de nos afastar dos caminhos do Senhor.

Cada dia estamos construindo nossa casa que é a nossa vida. E o evangelho de hoje nos questiona sobre que fundamento estamos construindo nossa vida. Quais os valores que orientam nossa conduta? Que projeto de vida estamos procurando realizar. Um projeto de vida orientado para o amor a Deus e ao próximo, que conduz à liberdade, à verdadeira felicidade ou um projeto voltado para si próprio que leva à escravidão, à desgraça?

É na hora da provação, do sofrimento, simbolizados pela chuva, as enchentes, os ventos de que nos fala o evangelho, que verificamos a solidez da rocha sobre a qual a nossa casa, a nossa vida, está sendo edificada. Aquele que fundamenta sua vida sobre Jesus Cristo e sua palavra, que procura realizar a vontade de Deus, constrói sobre a rocha e não tem nada a temer.

São Paulo nos recorda que a salvação é um dom gratuito de Deus; é fruto da nossa fé em Jesus Cristo, o que não nos dispensa de praticar a palavra de Deus. É a nossa vida que testemunha a solidez e a autenticidade de nossa vida espiritual que somos chamados a construir cada dia.

Só com nossas forças, não podemos fazer a vontade de Deus. É necessário a sua ajuda, sua graça. Peçamos a Deus que nos ajude a fazer a sua vontade, a exemplo da Virgem Maria, que fez, em tudo, a vontade do Pai. “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”.