Cada ano, no segundo domingo da quaresma, a liturgia da palavra nos apresenta a transfiguração de Jesus na versão de um dos três evangelistas sinóticos. Pedro, Tiago e João viram a glória de Jesus. Seu rosto mudou de aparência e suas vestes ficaram muito brancas e brilhantes.
Na transfiguração produziu-se uma mudança que afetou todo o corpo de Jesus. Ele manifestou a sua glória aos três apóstolos. Esses três apóstolos prediletos de Jesus não estavam habituados a isso e se assustaram e ficaram com medo, pois não compreenderam o que estava acontecendo “quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra e entraram dentro da nuvem”. Por isso, a voz do Pai que saiu da nuvem dá testemunho da identidade de Jesus: “Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz”.
Por um instante, Jesus mostra sua glória divina e Pedro deseja prolongar aquele momento celeste sobre a terra: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti; outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que estava dizendo, pois, Jesus, o Messias, sabia que sua paixão e morte na cruz, o conduziriam à ressurreição e o próprio Pedro ainda teria que sofrer muito até chegar a felicidade plena. Também para nós cristãos, a meta não é a cruz, mas a nossa transfiguração e de toda criação na ressurreição de Cristo.
Todos temos em nós este desejo profundo de felicidade, de vida em plenitude. Todos somos convidados a tornar-se discípulo de Cristo, a segui-lo e escutar sua palavra na Sagrada Escritura, no ensinamento da Igreja, para chegar como Ele à glória, a vida eterna, pois como afirma São Paulo na segunda leitura de hoje, “Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas”.
Na primeira leitura escutamos a aliança de Deus com Abraão. Deus lhe promete uma terra e uma descendência. É um sinal da Aliança nova e eterna que Deus selará conosco por meio de seu Filho Jesus, que derramará seu sangue por todos nós. Apesar do longo caminho a percorrer e das provações que teve de enfrentar, Abraão não duvidou das promessas do Senhor.
Na segunda leitura, Paulo exorta a comunidade de Filipos e também cada um de nós a adequar nossa vida com o estilo de Jesus. Paulo lembra-nos que somos cidadãos do céu e devemos, portanto, viver à luz desta perspectiva da vida futura, e guiados por valores mais elevados como a solidariedade, a fraternidade, o amor, a justiça, o respeito à dignidade da pessoa do meu irmão, e não levar uma vida reduzida aos horizontes deste mundo, como se a vida terrena fosse a única vida.
A Quaresma é também um convite a todos nós para fazermos como os três apóstolos no monte Tabor, uma experiência de encontro com Jesus Cristo na oração, alimentada pela leitura e meditação diária da Palavra de Deus, na aproximação do sacramento da reconciliação, na eucaristia, para renovar nossa adesão a Cristo, fortalecer nossa vida cristã e nos prepararmos para celebrar a Páscoa de Cristo e a nossa páscoa.
Na quaresma, a Igreja no Brasil realiza a Campanha da Fraternidade que, neste ano, no 50º. ano de sua criação, tem como tema: Fraternidade e Juventude e o lema: “Eis-me aqui, envia-me” (IS 6,8). A CF convida os jovens, conforme as palavras de Bento XVI, “a buscar no Evangelho de Jesus o sentido da vida, a certeza de que é através da amizade com Cristo que poderemos conhecer o caminho que nos leva à plena plenitude.”
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