segunda-feira, 25 de março de 2013

Missa de Ramos - Santuário Nacional


Neste domingo a Igreja celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém como Rei para, em seguida, consumar o seu mistério pascal, isto é, sua paixão, morte e ressurreição. Jesus entra em Jerusalém não como faziam os imperadores, acompanhados por suas legiões, nem como os reis deste mundo.

 Ele, ao contrário, entra de maneira humilde, montado em um jumentinho, aclamado pela multidão dos discípulos  e reconhecido como o Rei humilde e pobre, bendito de Deus: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz nos céus e glória nas alturas”   (Lc 19,38). 

Essa entrada de Jesus em Jerusalém nos traz a mente as palavras do novo Papa, o Papa Francisco, aos jornalistas que cobriram a sua eleição: Francisco de Assis é para mim “o homem da pobreza, o homem que ama e guarda a criação; é o homem que nos dá esse espírito de paz; o homem pobre. Ah! Como queria uma Igreja pobre para os pobres.”

A liturgia deste domingo de Ramos se caracteriza, pois, por dois momentos distintos, próprios do mistério pascal: um de glória, de alegria, o da entrada triunfal de Jesus na cidade santa; e, um  outro,  de sofrimento, de dor, marcado pelo anúncio da paixão e da morte  de  Cristo na cruz.

As leituras bíblicas que acabamos  de escutar nos falaram da paixão e morte de Jesus. O profeta Isaías nos apresentou a figura do Servo Sofredor, esse personagem misterioso, marcado pelo sofrimento  mas que não se deixou abater porque Deus estava com ele. O servo de Javé é a figura de Jesus que assumiu voluntariamente a paixão e morte para solidarizar-se conosco pecadores e com todos os que são vítimas do mal, da injustiça, do sofrimento. 

O texto de Isaías termina com o anúncio de que a morte não terá a palavra final: “conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não serei humilhado”.

Paulo na Carta aos Filipenses também anuncia a vitória de Jesus sobre a morte: “Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome.”

No evangelho escutamos a leitura da paixão e morte de Jesus na versão que nos deixou o evangelista Lucas. Para ele, Jerusalém é o lugar para onde converge e onde termina a vida de Jesus. É  também o lugar de partida, do início, depois de Pentecostes, da missão da Igreja, a de anunciar o Evangelho a todos os povos até a consumação dos séculos (Mt 28, 19-20).

O texto da paixão narrado por São Lucas antecipa todos os acontecimentos que celebraremos nesta Semana Santa, no tríduo pascal:  a instituição da eucaristia, o mandamento do amor,  o sacerdócio como serviço à comunidade, a paixão, morte e ressurreição de Jesus. 

Os dias da Semana Santa, inaugurada  com o Domingo de Ramos, podem e devem ser uma oportunidade para gozarmos  de um merecido descanso junto aos familiares e amigos, mas também,  e, sobretudo, tempo para participarmos com amor e com fé  das celebrações em nossas paróquias, comunidades, não como meros espectadores, mas vivendo, em cada dia da semana, o caminho da redenção que Jesus nos oferece e reconhecê-lo e proclamá-lo como fez  o oficial do exército romano, que ao ver o que aconteceu com Jesus, conforme o relato de São Lucas, glorificou a Deus dizendo: “De fato! Este homem era justo” (Lc 23,47).

Jesus certamente era “homem justo”, “o inocente”, como o reconheceu o próprio Pilatos. Para nós também Jesus é certamente “o inocente”, mas é também  e, sobretudo, “o Filho de Deus”, conforme exclama o centurião na versão de São Mateus e São Marcos: “Realmente, este homem era o Filho de Deus” (Mt 25,54; Mc 15,39)

Ao meditarmos sobre a Paixão de Cristo, não devemos nos esquecer que nós pecadores fomos os autores e como que os instrumentos de todos os sofrimentos que suportou o Divino Redentor.

Nesta semana encerra-se a Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Juventude”. Ofereçamos, neste dia, da coleta da Campanha da Fraternidade, nossa contribuição material para financiar, principalmente, projetos voltados para a formação de nossos jovens, para que possam exercer o seu protagonismo nas nossas  comunidades e na sociedade, contribuindo  com a missão evangelizadora da Igreja e com a construção da civilização do amor.  Participemos em nossas comunidades da preparação da Jornada Mundial da Juventude e da Semana Missionária nas Dioceses, que antecede a Jornada.  

Que Maria,  nos ajude a entrar nesta Semana Santa numa relação mais verdadeira e pessoal com Jesus,  nosso Salvador.

Que a Virgem de Aparecida nos ensine a fixar nosso olhar de amor em Deus Pai  que foi o primeiro a nos amar e nos enviar seu Filho para expiar os nossos pecados. Que Ela forme em nós um coração de discípulo e missionário, como nos recorda o tema da   V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, em Aparecida, e que a seu exemplo estejamos sempre prontos em nossa família e no ambiente social,  para  nos colocarmos  à escuta do seu Filho, que nos revela o autêntico rosto do Pai e a verdadeira dignidade de cada  homem e de cada mulher.

Guardemos em casa os ramos que foram abençoados como sinal de nossa fé no Cristo, Messias e Senhor e do nosso compromisso de testemunhar   os valores do Evangelho: o serviço, a humildade, a simplicidade,  a solidariedade, o amor, a paz.

Que a celebração da Páscoa de Cristo seja também nossa Páscoa: que passemos do velho homem ao novo homem, renovados espiritualmente;  da escravidão à verdadeira liberdade; do pecado a uma amizade com Deus pela vida da graça em nós, aprofundada ou recobrada no sacramento da misericórdia e da Eucaristia. 

Uma abençoada Semana Santa para todos!

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